sexta-feira, maio 23, 2025

Não explica mas ajuda a compreender...


Não é que estivesse sem assunto, mas queria mudar de página, deixar este mundo de "sabujos" (onde o PSD e o PS continuam a ter a maioria...), que se julgam mais espertos que os outros, passando a vida a prometer o que sabem que nunca irão dar...

Mas como achei a crónica de Ana Cristina Leonardo no "Ípsilon" de hoje, muito feliz - tem alguns enigmas mas é sobretudo rica em retratos do mundo e do país -, achei que a transcrição de um dos parágrafos era boa para fazer de conta que vou "encerrar" o assunto:

«Se apelidar alguém de gordo pode ser interpretado como discurso de ódio, se questionar a participação de mulheres trans em competições desportivas femininas pode ser (e geralmente é, que o diga J. K. Rowling…) visto como transfobia, se recusar a chamada linguagem inclusiva que multiplica casos e casinhos pode ser entendido como discriminatório, se optar por usar a palavra deficientes em vez da designação pessoas com deficiência pode ser lido como prova de insensibilidade, se contar uma piada passou a ser razoável apenas e só se a piada não ofender ninguém, se… se… se… Já aparecer nas televisões e nos jornais a afirmar mentirosamente (desmentido pelos serviços hospitalares e pela PSP) que os ciganos o queriam matar, ou a expressar ideias boçais que nem na taberna de Eco, como fez o deputado Pedro Pinto (Deputado! Por Toutatis!) — “Não podem querer que André Ventura vá para uma cama onde ao lado esteja, por exemplo, alguém de etnia cigana” — passou a ser admissível e, além de admissível, aceitável.
Repare-se, porém, no detalhe (e o Diabo, é sabido, está nos detalhes): Pedro Pinto, recorrendo, até ele, e apesar da boçalidade, ao politicamente correcto — um entendimento linguístico que nos conduziu à ideia de que é possível mexer na merda sem sujar as mãos… —, não diz ciganos, diz alguém de etnia cigana. É o progresso!»

As palavras de Ana Cristina não explicam, mas ajudam a compreender este mundo, o lugar para onde estamos a caminhar. 

E a sua referência final da crónica ao hospital do Algarve (com cronologia e tudo) é bastante elucidativa do papel dos "sabujos" neste "país do faz de conta" ao longo das últimas décadas. E lá está, talvez a soma do banal dois mais dois, ajude a compreender - com mais nitidez - a vitória do Chega no "reino dos algarves"...

(Fotografia de Luís Eme - Olho de Boi)


3 comentários:

  1. O politicamente correcto já foi assumido pelos meus netos! 😀

    Abraço

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