Quando ela me disse: «Não sei ser feliz como nos filmes», apeteceu-me dar uma gargalhada. Mas o caso parecia ser sério. Parece sempre. As mulheres são melhores nos dramas que nós...
O que é que poderia dizer? Que nós somos todos diferentes e todos iguais? Que lá em casa sou eu quase sempre que peço beijos e dou carinhos? Serei também um cinéfilo (sou de certeza, mas não por andar atrás das histórias com cordel...)?
Foi quando experimentei dizer, sem saber se estava certo: «Não sei se estavas mesmo a falar a sério ou a querer brincar com as palavras. Mas acho que ninguém sabe ser feliz como nos filmes, porque aquilo é tudo inventado. Só nos filmes é que parece que andamos em pino a vida inteira. Ou então na horizontal, como se vivêssemos colados a uma cama E podia continuar a dar-te dezenas de exemplos, por que a vida não é assim. As nossas vidas duram muito mais que duas horas.»
Ela olhou-me sem dizer nada. Primeiro com cara de caso, depois com um sorriso.
Foi quando ela disse uma frase que é capaz de valer para o dia: «Gosto de falar contigo porque és bom a desmontar problemas. Devias abrir um consultório.»
«E chamava-me isso, desmontador de problemas?»
«Porque não? Ias ser um sucesso.»
Quando nos separámos, fiquei a pensar que somos sempre melhores a resolver os problemas dos outros que os nossos...
(Fotografia de Henri Cartier-Bresson)
ainda ontem dizia eu isso. mas Luís, experimente ouvir o que diz aos outros, como se fosse para si mesmo. é um exercício engraçado ;)
ResponderEliminarPois é, Ana. :)
Eliminardesmontador de problemas
ResponderEliminaroriginal, isso!
:)
É tão difícil ser original, Piedade. :)
EliminarPodemos pensar as mesmas coisa a quilómetros de distância.
É tão verdade isso. Mas também é verdade que o que para o meu amigo é um problema, quase nunca o é para nós. Daí que seja tão fácil resolver.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
Pois é, Elvira...
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