Ao ler o conto, "Memória de Camarote" do João Tordo do livro, "Mística em Prosa", sobre o avô do João e o camarote que o assustava no velho Estádio da Luz, lembrei-me da minha infância, da liberdade e também do grande desportivismo que sempre reinou na nossa casa.
Não me recordo do meu pai, da minha mãe ou do meu irmão, sportinguistas, alguma vez terem questionado o meu benfiquismo, muito menos de tentarem que eu me mudasse para o seu clube. Talvez gostassem que eu gostasse desse Benfica vencedor dos anos sessenta do Eusébio, do Coluna, do Cávem (amigo de um dos meus tios), do Simões, do Jaime Graça, e mais tarde do Humberto, do Tony, do Néné... e de tantos craques de boa memória.
Continuo a pensar que fui eu que escolhi ser benfiquista, como escolhi tantas outras coisas pela vida fora. Nunca tive espírito de "carneiro", sempre fui incómodo, por não esconder os meus gostos e desgostos. E começou logo na infância...
Nem todos conseguiam disfarçar o incómodo de "terem de levar" com um puto que gostava de dizer o que pensava, ao contrário do irmão, mais velho e também mais dócil...
Mas havia alguém que se orgulhava da minha rebeldia... Era apenas, e só, o homem mais livre que conheci, o meu querido pai.
Sinto-me sempre reconfortado quando o recordo. É também por isso que continuo a gostar de dizer o que penso e a achar a palavra Liberdade, uma das mais bonitas que conheço.
(Óleo de Theodor Kittelsen)
Luís, bonita homenagem ao teu pai e no fundo a todos os homens e mulheres que amam a liberdade.
ResponderEliminarEspecialmente ao meu pai, ao ponto de me deixar com os olhos húmidos, Isabel...
EliminarE eu que acabei de ler o mesmo texto e dou com o teu. :)
ResponderEliminarQue saudades do velhinho estádio!
Sério?
EliminarQuando me lembro do terceiro anel a abanar com as nossas patadas, Carla. :)
Sério!
EliminarSabes o o Feedly facilita muito as minhas leituras diárias. :)
Nunca estive no terceiro anel, mas lembro-me de uma vez ter ido ver um jogo sem ter dito na da a ninguém e ter aparecido na TV. :D
Essa é das boas. :))
EliminarAh, Luís, volto aqui para dizer que, caso aprecies a escrita do João Tordo, vale muito a pena leres o último livro: "O Paraíso Segundo Lars D." Muito bom. Um cheirinho aqui:http://nascernapraia.blogspot.pt/2016/02/da-solidao-dizemos-que-solidao-e.html
ResponderEliminarGosto, Isabel.
EliminarPara mim é quem escreve melhor da sua geração. Não acho muita piada é que ele escreva sobre outras terras...
Bonita homenagem a seu pai. Ainda não li João Tordo. Sabe, meu filho também é do Benfica. O pai é do Sporting, mas nunca o influenciou e ele escolheu sozinho um clube que ninguém na família tinha. Pais, tios e avós, dividem-se pelo Porto e Sporting. E o miúdo ainda não sabia falar bem e já dizia que era do fica.
ResponderEliminarUm abraço
tem bom gosto o seu rapaz, Elvira. :)
Eliminar