terça-feira, julho 03, 2018

O Desprezo pela "Experiência da Vida"...


Quando contei que me tinha esquecido do que ia escrever, assim que comecei o dia... não só foi motivo de risota, como deu lugar a vários tipos de conspirações, que acabaram numa evidência: mesmo que seja apenas por meses, começo a estar mais perto dos sessenta que dos cinquenta...

Muitas vezes inventamos que a idade leva-nos umas coisa e trás-nos outras... mas perdemos sempre mais do que ganhamos. Especialmente quem vive numa sociedade que por um lado despreza o saber da chamada "experiência de vida" e, por outro, gosta de "asilar" quem vai perdendo autonomia e começa a dar trabalho...

(Fotografia de Luís Eme)

5 comentários:

  1. Luís, não gosto de determinado tipo de créditos que ao longo dos anos tenho ouvido como "exigência" de algumas pessoas mais velhas e por isso tento não os reproduzir à medida que vou envelhecendo. Um desses créditos é a especial deferência (há quem chame respeito) naquele sentido de "ah, tenho mais direito a fazer disparates, que como sou mais velho têm obrigação de desculpar".

    O que penso hoje e é do conhecimento de quem mais deve saber, é que se viver até altura de perder autonomia para cuidar de mim, prefiro que me coloquem num asilo/lar do que ficar em casa de familiares. Não sendo uma situação ideal porque o ideal seria estar autónoma até ao fim, é a que vejo ser melhor para ambas as partes tendo em conta a estrutura genérica da vida actual.

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    1. Normalmente não vejo esses créditos que falas, Isabel.

      Vejo sim, que pessoas com 50 anos são tratadas como "velhas", quando ainda podem ser tão úteis.

      E também escuto histórias inimagináveis de como alguns filhos tratam os pais...

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  2. A idade não me assusta, mas assusta-me perder a autonomia, e a solidão. Também não gosto da perda de identidade quando ultrapassamos os sessenta. Deixamos de ser um homem ou uma mulher, Manuel ou Mariana, para sermos simplesmente um/uma idoso/idosa.
    Abraço e bom fim-de-semana

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    1. Acho que assusta toda a gente, Elvira.

      Sim, em muitos lugares, não passamos de velhos, tal como os trapos... Felizmente nos meios urbanos, os avós, dão um grande jeito aos filhos, para cuidar dos netos... Mas quem não tem filhos ou filhos já são crescidos, não precisa deste apoio suplementar...

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  3. Francamente D. Elvira, eu tenho 80 e não perdi a identidade nem deixei de ser homem e raramente me lembro da idade. Aos 60 era jovem.

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