quinta-feira, abril 10, 2014

As Casas com Muitas Pessoas


Eu sei que já não há casas com muitas pessoas, como existiram até aos anos setenta do século passado (sei que muitos filhos estão a voltar à casa dos país, mas estas casas normalmente são pequenas, são apartamentos...).

A liberdade e a democracia não só melhoraram as condições de vida das pessoas, como também retiraram muito do poder maternal ou paternal que existiu até aí.

Quando alguém nos diz que uma mulher para sair do país, tinha de ter autorização do marido, explica bem em que tipo de sociedade vivíamos antes de Abril... 

Até as tias solteironas, começaram a viver sozinhas, longe dos olhares e do tal poder castrador dos pais e irmãos.

Só as grandes famílias (não só em número, mas também em fortuna...) é que conseguiram manter este  estatuto familiar, até por muitas viverem em palacetes com mais de uma dezena de divisões, onde os habitantes até se podem dar ao luxo de não se cruzar com os familiares indesejáveis...

Tudo isto porque entrei num palacete, agora desabitado, mas com tantas marcas de gente...

O óleo é de David Martashvili.

8 comentários:

  1. Estive pensando nisto agora. Sozinha, ouvindo música, pensei: nunca o silêncio em casa existiu tanto. Todos saem. Só nos resta as 'marcas de gente' e a mobília.

    Um abraço, Luís.
    E, se puder, me informe seu email.

    Meu contato é leticiapalmeira@gmail.com

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  2. E que pena faz ver esses palacetes desabitados e frios! Em Sintra há tantos! Que eu conheci com gente. Muita gente.

    Enfim...

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  3. pois é, e,eu confesso que embora fique fascinada pelos palacetes, fico também angustiada em pensar isso que descreves.

    :(

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  4. Eu tive uma casa com tanta gente...

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  5. sim, Letícia.

    as casas que conhecemos bem demais e que ainda conservam móveis, podemos descobrir a cadeira onde a avó se sentava a costurar (ou bordar), a mesa enorme onde se juntava toda a família... ou o banco de pedra do jardim, onde se via chegar a noite no Verão...

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  6. este país parece desabitado de história, não há Terra que não tenha um dos seus mais belos palacetes abandonados, Graça...

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  7. não são só as pessoas que são tristes, as ruas e as casas, também, Piedade.

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  8. a minha "casa com muita gente" era a dos meus avós maternos, Laura.

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