sábado, fevereiro 01, 2014

«Sabes uma coisa? Estranhamente, senti-me aliviado de bolsos vazios.»


Eram dois, pediram-lhe a carteira e ele começou a rir-se quem nem um perdido.

Puxaram de uma navalha e encostaram-na ao seu pescoço, com cara de maus rapazes.

Olhou-os nos olhos e sem os levar a sério, disse que não usava carteira e que o único dinheiro que tinha, estava nos bolsos.

Um apalpou-o de alto a baixo, o outro aliviou-lhe o pescoço, pedindo-lhe de seguida para despejar os bolsos.

Fez-lhes a vontade e entregou-lhes uns míseros 3 euros e 75 cêntimos, que estavam longe de o envergonhar.

Os dos rapazolas olharam um para o outro e começaram a rir. 

Quando se preparavam para virar costas ele lembrou-lhes do assalto:

«Então, não querem o dinheiro?»

Sem pararem de rir, pegaram nas moedas e despediram-se com um boa noite.

Parecia que não tinha perdido o sorriso desde então, quando me disse: «sabes uma coisa? Estranhamente senti-me aliviado, de bolsos vazios.»

O óleo é de Stephen Conroy.

4 comentários:

  1. Pois. Quanto menos as pessoas têm mais despreendidas são dos bens materiais.
    Um abraço e bom Domingo

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  2. é verdade. Elvira.

    são as pessoas mais solidárias, são capaz de dar um pouco do pouco que têm.

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  3. ai que cena!

    mas não deixa de ter a sua piada, pois dentro das circunstancias,até teve um final feliz, pois podia ter sido outro, bem mais grave.

    ;)

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  4. não faltam por aí amadores, disfarçados de ladrões, Piedade.

    a vida obriga-nos a coisas terríveis.

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