sábado, dezembro 08, 2007

Eu: Florbela Espanca


Florbela Espança nasceu em Vila Viçosa a 8 de Dezembro de 1894.
Foi a nossa grande poetisa do amor...
Deixo-vos aqui, um seu auto-retrato:


Eu

Até agora eu não me conhecia.
Julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.

Mas que eu não era Eu não o sabia
E mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!

Andava a procurar-me – pobre louca! –
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!

E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!

Florbela Espanca


O desenho é da autoria de seu irmão, Apeles Espanca.

21 comentários:

  1. Um bonito soneto de Florbela para o dia de hoje.
    Não conhecia este desenho dela, feito pelo irmão...

    Obrigada, Luís

    ResponderEliminar
  2. Forbela: Os sonetos dela são lidíssimos. Eu adoro lê-la.
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  3. Gosto tanto da poesia dela que é a única poetisa da qual sei alguns poemas de cor, que digo para dentro em momentos mais intimistas.
    Gostei de ver o retrato feito pelo seu amado amor pelo qual tanto sofreu.
    Bjs
    TD

    ResponderEliminar
  4. Este Largo está de cada vez melhor.
    Belo soneto.

    Abraço

    ResponderEliminar
  5. Este Largo é sempre uma (boa) surpresa ...

    Beijo, Luís

    ResponderEliminar
  6. Gosto muito da poesia da Florbela Espanca. Aprendi a entendê-la melhor depois de, há cerca de um ano, ter lido um livro muito interessante sobre a sua vida.

    Um abraço.

    ResponderEliminar
  7. Achei muito interessante este texto, sobretudo porque na última quarta feira no atelier estivemos a escrever sobre o "eu" (primeiro só traços físicos, depois a forma como pensamos que os outros nos vêem).

    ResponderEliminar
  8. Não era o Manel da Fonseca que dizia que o largo era o centro do mundo? O Luis vai fazendo o que deve para que isso se lembre... e faz muito bem!

    ResponderEliminar
  9. O desenho completa o poema de uma forma diria que perfeita.

    Ás vezes também ando atrás de mim e não me encontro, alguém me diz estás aqui... mas eu sei que não sou eu... sou apenas o que os olhos dos outros querem ver...
    Beijo

    ResponderEliminar
  10. Um soneto e um desenho especial, Maria...

    ResponderEliminar
  11. Quase tudo da Florbela é lindo, Maria P...

    ResponderEliminar
  12. Eu também, aprende-se e sente-se muito, Graça...

    ResponderEliminar
  13. Pelo menos sabes de cor, lindos sonetos, Teresa...

    ResponderEliminar
  14. Terá sido a biografia da Agustina, Berta Helena?

    ResponderEliminar
  15. Curioso, esse trabalho, Redonda, sobre o eu...

    ResponderEliminar
  16. O Ti Manel era um campeão em tanta coisa, inclusive em memórias e boa disposição, Samuel...

    ResponderEliminar
  17. Tão enigmática, Lua, tal como a Florbela, em tantos sonetos, que nos fazem pensar, no minimo...

    ResponderEliminar
  18. Parabéns pelo blogue.
    Atenção que a retratada era amiga de apeles, a menina das tranças que tanto aparece em fotografias de Apeles. Não é a Florbela.

    Saúde.
    JB

    ResponderEliminar