sexta-feira, agosto 14, 2009

«Morte ao Rei!»

Não se assustem, este título não passa de uma provocação.

A questão "real" veio mais uma vez à baila graças à brincadeira de um bando de "garotos" que têm um blogue e gostam de fazer filmes em que são os protagonistas principais e que tinham como aspiração ser os novos "heróis" da blogosfera...
Passando por cima de toda esta "poeira", é preciso dizer, que ao contrário do que algumas pessoas pensam, nós não éramos mais felizes nem mais prósperos quando tínhamos um rei.
Ao longo da nossa história de quase oitocentos anos de monarquia, são poucos os reis que tiveram um papel importante no nosso desenvolvimento e na nossa história (colocando de parte todas as lendas e o misticismo, claro).
Quando se deu a Primeira República o país estava praticamente ingovernável e na banca rota, porque não havia dinheiro que chegasse para "pagar" as mordomias do rei e da sua vasta "corte". Mesmo com a maior parte dos portugueses a viver miseravelmente e numa grande ignorância (a taxa de alfabetismo era inferior a 30% em 1910)...
É importante frisar que os primeiros governos constitucionais conseguiram equilibrar as finanças do país, até ao começo da Grande Guerra em 1914, moralizando os processos da administração pública e a vida social, melhorando as condições de vida da população em geral, tornando por exemplo a educação e a saúde muito mais acessíveis.
Claro que não há país que consiga resistir a uma Guerra como a de 1914 que durou mais de quatro anos e na qual fomos "obrigados" a participar, para não perdermos as colónias e a nossa independência...
Por tudo isto: «Viva a República!»

A imagem mostra-nos Afonso Costa a desembarcar em Cacilhas, ele que foi um grande ministro da justiça e das finanças, antes da Grande Guerra...

4 comentários:

  1. Meu caro, Luís.

    Deixe-me discordar saudavelmente daquilo que afirma.

    É errado voltar à história para criticar a ideia da Monarquia hoje.
    No entanto, permita-me que lá volte para lhe exemplificar alguns aspectos.
    Os momentos mais gloriosos da história de Portugal foram feitos por reis que possuíam um projecto que não passava só por este cantinho à beira-mar plantado. Era um projecto global. Nem todos os reinados foram excelentes.
    Os comentários que faz ao reinado do rei D Carlos, deriva da decadência de Portugal e de perturbações políticas com os sucessivos governos que se verificava com a alternâcia do partido progressista e regenerador. Nenhum deles punha em causa a Monarquia. Nem sequer o povo, apesar, como diz, estar a passar mal.
    Então, é quando aparece uma conspiração internacional maçónica que pensa derrubar o rei. Essa mesma maçonaria que ainda hoje prevalece e que domina invisivelmente esta 3ª república e que ninguém dá conta.
    Com o derrube da monarquia e a implantação da república, Portugal melhorou? Os ideais republicanos foram cumpridos? Não. O presente está aí para me dar razão. Para além de outros casos mais graves. Perseguições à igreja, tumultos de rua, assassinatos políticos e queda de sucessivos governos. Com duas ditaduras ferozes. Uma delas, que os portugueses (alguns) costumam por designar - a longa noite fascista, que foi o resultado de tais desvarios republicanos.
    Desculpe, quem conseguiu equilibrar as finanças do país e modernizar a função pública e melhorar a vida social, foi o regime do Estado Novo.
    Mas ainda voltando às monarquias, mas qual era a monarquia do Mundo, naquela altura que, o povo vivia bem!? Tem que se ver as coisas dentro de um determinado contexto.
    O que eu reparo é que, as pessoas são republicanos ou defendem os ideais republicanos, porque sim.
    E para as pessoas que se dizem uns grandes amantes da liberdade e da democracia, que são os valores que também defendo, digam-me, qual as monarquias modernas que já foram instauradas ditaduras? Pois, todas elas foram-no em regimes republicanos.
    Mas, não se preocupem, porque as pessoas que gostariam de ver uma monarquia em Portugal, não vão fazer um golpe de Estado, nem tão pouco criar o terror, tal e qual, como aconteceu com os conspiradores republicanos.
    Quanto ao acto da bandeira. Um acto reverente próprio da juventude. Nada mais.

    Um abraço

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  2. Carlos, é óptimo discordarmos saudavelmente um do outro.

    isso acontece provavelmente por termos visões diferentes do mundo, da qual não vem qualquer mal ao mundo.

    o meu texto é demasiado "republicanista", porque estou um pouco farto das inverdades que se dizem por aí da Primeira República.

    Embora a República fosse realmente feita por uma élite ligada à maçonaria (carbonária), penso que era inevitável. o país estsav na banca rota, financeiramente não suportava mais as mordomias da realeza e da sua corte (os parasitas ainda eram mais do que os que vegetam hoje em volta dos partidos políticos dos respectivos "tachos") e isso só se conseguiria com uma revolução.

    concordo que o D. Carlos foi um bom rei, acabou por ser vitima da mudança de regime...

    o Afonso Costa enquanto ministro das finanças conseguiu equilibrar as finanças até 1914 (em 1912/13 verificou-se pela primeira vez desde metade do século XIX um saldo positivo nas contas do governo...). disse isto só para provar que não foi tudo mau na Primeira República...

    claro que as monarquias modernas são democráticas (e ainda bem), mas em 1910 era impossível mudar de política sem mudar de regime...

    em relação à bandeira, não foi tanto um devaneio de juventude, foi mais uma manobra de exibicionismo. e se queriam substituir uma bandeira, deveria ser a Nacional e não a de Lisboa, que ainda antes de 1910 foi governada por republicanos...

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  3. Não podemos afirmar se teria sido melhor, ou pior. Mas que muita coisa mudou , lá isso mudou. E poderia nomear muitas.
    Acredito, que a aspiração a um regresso da monarquia, não passa de uma visão "romântica" de um grupo restrito,mas acredito também,
    que eles próprios têm essa consciência. Tempo de D. Quixotes?!
    ou um sebastianismo transversal a muitas gerações...

    para ti um beijo Luís

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  4. claro, há de facto muito romantismo neste saudosismo, e até histórias de princesas e principes pelo meio, Maré...

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