Eu limitava-me a escutá-la e a sentir o quanto era diferente das outras mulheres...
Estava preocupada porque se havia coisa que não queria, é que "a sua vida chegasse a netos". Nem sequer tinha educado os filhos para serem pais. Ia mais longe e dizia que os exemplos que ela e o pai deles deram, deviam ser suficientes para não serem patetas e não quererem mais infelizes neste mundo.
Eu mais uma vez estava ali, sem saber o que dizer. Até porque nunca tinha pensado verdadeiramente no assunto. Não me imaginava nem deixava de imaginar avô.
A única coisa que sabia é que neste país (que gostamos de chamar mundo...) estava quase tudo contra a "família", desde os governos dos ordenados precários e das rendas milionárias até às pessoas, que falavam cada vez mais com os dedos e com as imagens, que metiam dentro de mensagens, e menos olhos nos olhos (e como os olhos falam...).
Gente que se estava a tornar quase escrava, de um tempo que nos parece estar a levar para a mais completa desumanização (sei que há a possibilidade de estar a perceber mal o filme...).
O mais inquietante é que tudo isto está a ser feito de uma forma ligeira, mas bastante perversa...
Talvez ela tenha razão, e o vazio seja o futuro e estejamos a caminhar em direcção ao "nada"...
Mas a única conclusão que cheguei, é que não nos faz nada bem conversar com gente que já vive sem qualquer esperança, do mundo ou das pessoas...
(Fotografia de Luís Eme)
Luís, normalmente leio e oiço com bastante distanciamento expressões como essa de educar para ser pais... educar para qualquer coisa em especial, assim como o imaginar ser avô... O que depende muito de outros, há que 'encaixar' sem ladainhas desse tipo que a interlocutora usou.
ResponderEliminarMuitas vezes são apenas desabafos, porque a vida está longe de ser fácil, Isabel.
EliminarHá quem passe o tempo a "levar porrada" da vida...
Não se pode perder a esperança porque é ela que nos dá alento… Se a pessoa não tem esperança nenhuma torna-se difícil qualquer diálogo.
ResponderEliminarUma boa semana, Luís.
Um abraço.
Mas, infelizmente, o que não falta à nossa volta, é gente sem esperança, Graça...
EliminarLembrei-me de quando era criança e soube como eram mesmo feitos os bebés ter decidido que não queria ser mãe mas queria ser avó :)
ResponderEliminara senhora que não quer ser avó talvez esteja com uma depressão...
Os últimos anos têm sido bons para alimentar depressões, Gábi. O país real está distante do país luminoso do Costa.
EliminarNuma época em que um casal de compõe de duas pessoas e dois telemóveis, e em que a grande dúvida da etiqueta, é saber se o telemóvel se coloca à esquerda ou direita do prato, parece que as pessoas que gostamos de conversar, olho no olho com o nosso interlocutor somos uma espécie em vias de extinção. Mas pessoalmente, ser avó, foi e é uma das coisas que mais feliz me faz.
ResponderEliminarUm abraço e uma boa semana
As coisas estão mais complicadas do que parecem, Elvira. A todos os níveis.
Eliminargostei da crónica e da sua conclusão.
ResponderEliminarpor vezes é melhor fugir de certas conversas para nao ficarmos "contaminados"
eu ainda guardo em mim uma certa esperança em quase tudo.
beijinhos
:)
Mas nem sempre se consegue fugir, Piedade. :)
Eliminar