sábado, julho 26, 2025

Os "artistas" que fazem parte do "cenário" dos políticos (quando estes estão à frente das câmaras)


Não sei como lhes chame. Na maior parte das vezes são personagens secundárias, embora também existam ministros a fazer esse papel. Por vezes parecem espantalhos, outras figurantes, mas se puderam, não falham a presença na "caixa mágica".

Ficam ao lado e atrás (mas quase encostados, para também aparecerem nas notícias da televisão...). As suas expressões são engraçadas e diversas. Uns ficam com os olhos a brilhar, como se "lambessem" todas as palavras de quem fala (ou então é a emoção de aparecer na televisão...), outros fazem cara séria, porque "aquilo não é uma brincadeira", outros sorriem, porque "tristezas não pagam dívidas", outros ainda, não conseguem estar quietos, talvez porque assim seja mais fácil centrar as atenções lá por casa, se bem que também podem ter essa coisa que chamam, "bicho de carpinteiro"...

A única coisa de que não tenho dúvidas, é que são todos bonecos, bonecos televisivos...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, julho 25, 2025

O tempo e os tremeliques da terra...


Uma das melhores coisas que acontecem, quando estamos de férias, é perdermos a noção dos dias da semana. 

Se não trouxermos "chatices" coladas aos calções, nem outras coisas que tenham o condão de sinalizar os dias, sinto que amanhã tanto pode ser quinta, sexta ou sábado...

(Claro que também sei que há sempre alguém que nos lembra, e diz: «olha que amanhã é sábado»)

E mesmo que não queira saber do mundo nem veja notícias, eis que a minha filha me dá a novidade que de madrugada houve um sismo, que veio da Madeira até ao Continente e que em Lisboa ultrapassou o número cinco da escala...

E é a falar dos tremeliques da terra - que se chegaram ao Sul, não dei por nada -, que vou ali e já venho...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


quarta-feira, julho 23, 2025

O "lixo televisivo" e os seus vários cúmplices...


Uma das ultimas conversas que tive com amigos antes de vir de férias, foi sobre "lixo televisivo", inclusive o noticioso.

Houve quem utilizasse até a palavra "cumplicidade", quando falava de uma Clara de Sousa, de um Rodrigo Guedes de Carvalho ou de João Adelino Faria, que deviam fazer a diferença (o mesmo já não esperavam de Sandra Felgueiras ou do jeitoso do Rodrigues dos Santos...).

Não estive de acordo. Eles são apenas os "mensageiros", e provavelmente até alteram os textos de algumas notícias (pelo menos eu penso que têm estatuto para isso...), que lhes dão para lerem.

É todo um sistema informativo que está mal, cada vez mais "populista", assim como a forma como se interpretam as audiências.

Também se falou da manipulação que se faz das emoções humanas. Faz-nos confusão a todos, que os programas da manhã e da tarde, não consigam passar um dia, sem descerem mais um degrau e explorarem os sentimentos e as desgraças alheias.

O mais curioso é todos olharem para o CMTV de cima para baixo, mas depois acabam todos por ir atrás daquele modelo populista de fazer televisão, porque além de estar virado para o espectáculo, repete-se e repete-se (são capazes de "matar" a mesma pessoa cem vezes por dia...), e claro, adora as "meias-verdades" e as "meias-mentiras".

Claro que todos temos a alternativa de desligar o botão ou de mudar de canal. Mas isso não muda nada no "aterro televisivo" nacional...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, julho 22, 2025

A palavra talvez...


Talvez seja um problema de personalidade... Talvez seja algo que já nasce dentro de nós.

Olho para trás e sei que andei quase sempre pelos caminhos mais longos e difíceis, mas não me importei muito em demorar mais tempo a chegar a Roma.

Sei apenas que habita dentro de nós, vezes de mais, a palavra talvez...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


domingo, julho 20, 2025

Muito barulho e saudades de porrada


A senhora com mais de oitenta anos discursava na mercearia, como se estivesse num parlamento como o nosso, com gente com ideias estranhas sobre o mundo.

Tinha saudades do tempo em que os pais "educavam" os filhos à "porrada", em que o medo se juntava ao respeito, com a maior das facilidades.

Deixei-a com as saudades dela, em silêncio.

Claro que quando vinha para casa, pensei na educação e nos meus filhos. Nunca fui de bater, mesmo assim lembro-me dos desafios e das provocações do meu filho, a pedir uma ou duas palmadas... Em relação à minha filha, nem me lembro de lhe ter dado uma palmada (mas deve ter acontecido, aqui e ali...).

Mas a senhora estava errada, o respeito não tem nada a ver com pancada. Com o medo, sim...

Acho que o maior problema da educação nos nossos dias não tem nada a ver com pancada. Tem sim, a ver com o uso da palavra "não", que devia ser utilizada com firmeza e não "meio a brincar"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, julho 19, 2025

Poesia com (várias) guerras lá por dentro


Dois dos meus autores preferidos são a Maria Judite de Carvalho e o José Gomes Ferreira. Sempre que me vêm parar às mãos livros das suas autorias, viajo agradado dentro das suas páginas.

Hoje acabei de ler a "Poesia II" do Zé Gomes, com poemas escritos de 1938 a 1943, alguns muito sofridos, devido à Guerra que estava a destruir a Europa.

Transcrevo um dos poemas pela mistura de sentimentos, num tempo estranho, quase como aquele que estamos a viver. Embora ainda não estejamos em ditadura, como acontecia nesses anos sombrios...

                                                                                    (Subo lentamente a rua para casa...)

No céu, a lua e as estrelas...
Na terra, silêncio e gatos...

E, eu às três de madrugada
com passos de rasgar o chão
a ouvir ranger nos sapatos
o violoncelo da minha solidão...

(esta triste solidão de deus do avesso
onde até a Morte apodreço.)


(Fotografia de Luís Eme - Foz do Arelho)


sexta-feira, julho 18, 2025

O turismo, sempre ele (justifica todos os crescimentos)...


O turismo (a galinha que "põe" ovos de cor amarela para os governos...) fez crescer muitas coisas, ao ponto de tornar a vida dos habitantes fixos das cidades maiores, um pesadelo cada vez maior.

Há outras coisas que também crescem, quase em paralelo, umas quase "invisíveis", como são os carteiristas e outras demasiado visíveis, como são os pedintes.

Tanto uma como outra, tornaram-se quase uma profissão (até "indústria"), graças aos romenos, que devem ser uma chatice para os mendigos portugueses...

Lá estou eu a "esticar-me"... Só queria falar do facto de nenhum dos meus companheiros da "indústria das palavras", dar esmolas (a excepção são os cegos do metro, quando temos moedas nos bolsos...) a esta gente "profissional".

Mas eles continuam espalhados pelas ruas, nas esquinas e à entrada de casas comerciais. Ou seja, devem garantir o seu "rendimento" diário.

E lá vieram os turistas, que segundo o nosso ponto de vista, não são apenas a salvação do governo de "Monteverde" (como foram do Costa), chegam a todo o lado e dão a mão a quase todas as actividades económicas do país, até a quem trabalha com a mão esticada nas ruas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, julho 17, 2025

O mundo das músicas (quase todas)


A música continua a não estar muito estudada, pelo menos com algum conteúdo histórico, no nosso país (só o fado é que tem vários especialistas, entre outras coisas, porque é um mundo mais misterioso e envolvente...).

Foi por isso que me desafiaram para começar um projecto, sem data, para escrever quando e como me apetecesse. 

Isto aconteceu porque tive a "ousadia" de falar da originalidade, da diversidade, da qualidade, e claro, da banalidade da nossa música (com nomes e tudo...).

Acabei por dar um realce especial ao fado (ao antigo...), em que o principal objectivo dos, e das fadistas, era ser dono de um estilo próprio, ou seja, tinham muito cuidado com as imitações. As fadistas então (as boas claro), fugiam a sete pés da Amália e da sua forma única de cantar.

É por isso que é digno de realce, que tenham existido bastantes vozes femininas que cantaram o fado nos anos cinquenta, sessenta e setenta, sem deixarem de andar de cabeça levantada pelas ruas de Lisboa. E algumas ainda se ouvem com com prazer redobrado. Neste caso particular até dou meia dúzia de exemplos:  Argentina Santos, Beatriz Conceição, Celeste Rodrigues, Hermínia Silva, Lucília do Carmo ou Maria Teresa de Noronha.

Claro que se escrevesse algo sobre "músicas", teria de dizer que o autor era um não especialista, duro de ouvido...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, julho 16, 2025

Às vezes o telemóvel é importante (mas só às vezes)...


Eu que só uso o telemóvel como telefone, hoje ao dar por falta dele, já no interior do cacilheiro, pensei que "não viria mal nenhum ao mundo", por ele ter ficado lá por casa. O problema é que estava enganado...

Um encontro marcado acabou por ficar sem a minha comparência, porque a pessoa com quem eu me ia encontrar mudara de casa (e já uns anitos...) e por pensar que eu estava a par da mudança, não me disse nada. Ou seja, só o descobri à entrada do prédio, onde também já vivi...

Felizmente pude contar com a simpatia e a disponibilidade de duas senhoras (da lavandaria e do cabeleireiro da rua), que mesmo sem nunca me terem visto em parte alguma, tentaram "menorizar" a sucessão de contratempos, que aconteceu em poucos minutos. Havia duas senhoras que ainda habitavam no prédio que poderiam, resolver a questão. Mas não estavam nesta manhã. E, infelizmente, também não estavam contactáveis.

Mas esteve longe de ser uma manhã perdida. Pude passar por ruas por onde não passava há vários anos e recuar no tempo, e sentir, ao mesmo tempo, a simpatia e a camaradagem dos bairros que gostam de ser antigos...

Só depois do regresso a casa é que me pude "desculpar", ao responder à "chamada não atendida". 

Em Agosto, de certeza que será possível conversarmos sobre uma terceira pessoa, que nos é querida a ambos, para que a minha homenagem sobre a forma de livro seja mais abrangente...

(Fotografia de Luís Eme - Cruz Quebrada)


terça-feira, julho 15, 2025

Há sempre coisas que têm de ficar para amanhã...


Delegaram-me a missão de colocar determinada pessoa a par de um projecto colectivo comum, depois de uma reunião com avanços importantes.

Por ela estar envolvida numa iniciativa que estava a decorrer, deram-me um outro nome feminino, de uma espécie de secretária, com quem poderia falar e colocá-la a par de tudo.

Cheguei e perguntei se era possível falar com a tal senhora. Telefonaram e depois perguntaram-me qual era a temática, expliquei de uma forma sintética o que me tinha levado ali. Do lado de lá recebi a informação de que ela também estava muito ocupada com o mesmo certame e que o melhor seria aparecer noutra altura. Agradeci a atenção.

Depois de ter saído, segundos depois resolvi voltar a entrar. De repente  tive uma ideia quase luminosa. Pensei que me poderia voltar a acontecer a mesma coisa, no dia seguinte, receber a resposta de que ela "estar demasiado ocupada para falar comigo". E então voltei à recepção e disse ao rapaz do telefone se poderia perguntar à senhorita, se havia uma hora em que ela me pudesse receber, no dia seguinte.

Enquanto esperava resposta, ainda desabafei que estava a ficar velho demais, para aqueles jogos, ainda por cima quando estava em causa um projecto colectivo...

Segundos depois, veio a resposta. Sim, era possível falarmos, às 16 horas, de quarta-feira...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, julho 14, 2025

«Estamos todos a ficar sem "travões". O normal é dizerem-se coisas cada vez mais parvas e ofensivas uns aos outros.»


O Carlos continua a "incendiar" a nossa mesa com frases, que, começam por se estranhar, para depois se entranharem, e serem aceites por todos nós, mesmo que isso aconteça duas ou três voltas depois.

Quando ele disse: «Estamos todos a ficar sem travões. O normal é dizerem-se coisas cada vez mais parvas e ofensivas uns aos outros», ficámos a olhar uns para os outros.

Houve alguém que falou de sermos menos hipócritas. Claro que é mentira. Esta sociedade onde o mérito fica vezes demais a porta, convive bem com a hipocrísia, o fingimento e o "lambe-botismo".

Foi a Carla que disse que era algo mais profundo, que tinha a ver com os valores que recebíamos em casa, onde se aprendia a respeitar e a tolerar o outro, mesmo quando nos apetecia mandá-lo para aquela parte.

Se em casa, na escola, no trabalho ou no café, quem fala mais alto é que acha que está certo, com a conivência de quem lhe devia chamar a atenção, e dizer que conversar é outra coisa, que o monólogo não faz parte da família do diálogo.

 «E nós, vamos começar a falar mais baixinho?», soltou em tom provocador, o Carlos.

A gargalhada geral respondeu pela mesa. Precisamos todos de colocar "pastilhas" nos travões...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, julho 13, 2025

A vida tal como ela é


Quando escrevemos sobre pessoas mais próximas de nós (se existirem ligações familiares ainda se torna mais estranho...), em parte, sentimos que a história está ser reescrita de novo.

Isso acontece com alguma naturalidade. Além de não termos vividos todos os acontecimentos (é impossível estarmos em todo o lado...), também descobrimos, através das conversas que vamos mantendo aqui e ali, que não conhecemos assim tão bem a vida de algumas pessoas, mesmo as que nos são queridas. 

O curioso, é que tenho ficado, quase sempre, surpreendido de uma forma positiva.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)