domingo, julho 20, 2025

Muito barulho e saudades de porrada


A senhora com mais de oitenta anos discursava na mercearia, como se estivesse num parlamento como o nosso, com gente com ideias estranhas sobre o mundo.

Tinha saudades do tempo em que os pais "educavam" os filhos à "porrada", em que o medo se juntava ao respeito, com a maior das facilidades.

Deixei-a com as saudades dela, em silêncio.

Claro que quando vinha para casa, pensei na educação e nos meus filhos. Nunca fui de bater, mesmo assim lembro-me dos desafios e das provocações do meu filho, a pedir uma ou duas palmadas... Em relação à minha filha, nem me lembro de lhe ter dado uma palmada (mas deve ter acontecido, aqui e ali...).

Mas a senhora estava errada, o respeito não tem nada a ver com pancada. Com o medo, sim...

Acho que o maior problema da educação nos nossos dias não tem nada a ver com pancada. Tem sim, a ver com o uso da palavra "não", que devia ser utilizada com firmeza e não "meio a brincar"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


9 comentários:

  1. ´Pancada' não é termo que possa caracterizar o tolerável e adequado às tretas em voga.
    É pedir a esses cretinos que querem uma birra tratada como questão dialéctica, qual o nome que têm por adequado e qual o tipo de mensagem por contacto físico que possa atalhar a cena em público.
    E sim, é possível educar sem esse tipo de mensagens, mas requer muito do que não é de esperar que os meios necessários esteja disponíveis a todos.

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  2. Nunca levei um tabefe do meu pai, da minha mãe levei alguns, mas poucos e "suaves".
    Os meus filhos foram educados sem tabefes, mas com algumas ameaças. 😀
    Aos meus netos o meu filho aplica castigos.
    Mudam-se os tempos, mudam-se os métodos!

    Abraço

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    1. Grande sortuda!

      Do meu pai levei poucas vezes (mas nunca eram suaves...), agora da minha mãe, deve ter havido fases que levava com o chinelo várias vezes ao dia, Rosa. :)

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  3. Exactamente, o busílis é o uso da palavra NÃO que muita gente é absolutamente incapaz de usar.

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    1. É mesmo, Severino.

      Sei por experiência própria, em relação aos meus filhos (não devia dizer isto aqui, mas se eles hoje me respeitam mais que à mãe, isso deve-se ao facto, de que, quando eu dizia não, era não...).

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  4. Mas a maioria dos pais de hoje não sabe dizer não. E é o que se vê.
    Uma boa semana.
    Um abraço.

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    1. É um problema grande na educação, Graça.

      O não firme faz perceber que há limites...

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    2. E depois já não há filhas, há princesas...

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