tag:blogger.com,1999:blog-38471618.post6085253900524393423..comments2024-03-28T19:01:09.850+00:00Comments on largo da memória: Sem um País, Sem uma Cidade...Luis Emehttp://www.blogger.com/profile/09923372204996285155noreply@blogger.comBlogger5125tag:blogger.com,1999:blog-38471618.post-59180375685706027162016-07-07T23:46:28.196+01:002016-07-07T23:46:28.196+01:00Claro que pertencemos, Carla.
Há lugares onde nos...Claro que pertencemos, Carla.<br /><br />Há lugares onde nos sentimos bem, bem...<br /><br />(ainda bem...)Luis Emehttps://www.blogger.com/profile/09923372204996285155noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-38471618.post-82059256784357179592016-07-07T23:44:47.920+01:002016-07-07T23:44:47.920+01:00E gosto quando me ofereces poemas.E gosto quando me ofereces poemas.Luis Emehttps://www.blogger.com/profile/09923372204996285155noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-38471618.post-53586120540385844362016-07-07T23:44:06.424+01:002016-07-07T23:44:06.424+01:00Sim, a gente finge que se acostuma, Isabel. :)Sim, a gente finge que se acostuma, Isabel. :)Luis Emehttps://www.blogger.com/profile/09923372204996285155noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-38471618.post-70784937998959302602016-07-07T14:15:02.231+01:002016-07-07T14:15:02.231+01:00Será que pertencemos realmente a algum lugar físic...Será que pertencemos realmente a algum lugar físico? Ou não passará de uma idealização? <br /><br />(adoro a tua escrita)Carlahttps://www.blogger.com/profile/03183840712353858877noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-38471618.post-13929341001863687092016-07-06T23:41:54.344+01:002016-07-06T23:41:54.344+01:00Luís, o penúltimo parágrafo podia ser para mim. Ta...Luís, o penúltimo parágrafo podia ser para mim. Tal e qual isto.<br />E agora só ecoa aqui na minha cabeça "Eu sei, mas não devia", da Marina Calasanti:<br /><br />Eu sei, mas não devia<br /><br />Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.<br />A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos <br />e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor. <br /><br />E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.<br />E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.<br />E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.<br />E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.<br /><br />A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.<br />A tomar café correndo porque está atrasado.<br />A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.<br />A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.<br />A sair do trabalho porque já é noite.<br />A cochilar no ônibus porque está cansado.<br />A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.<br /><br />A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.<br />E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.<br />E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,<br />aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.<br /><br />A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.<br />A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.<br />A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.<br />A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.<br />A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.<br /><br />E a ganhar menos do que precisa.<br />E a fazer filas para pagar.<br />E a pagar mais do que as coisas valem.<br />E a saber que cada vez pagará mais.<br />E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.<br /><br />A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.<br />A abrir as revistas e a ver anúncios.<br />A ligar a televisão e a ver comerciais.<br />A ir ao cinema e engolir publicidade.<br />A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.<br />A gente se acostuma à poluição.<br /><br />As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.<br />A luz artificial de ligeiro tremor.<br />Ao choque que os olhos levam na luz natural.<br />Às bactérias da água potável.<br />A contaminação da água do mar.<br />A lenta morte dos rios.<br /><br />Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,<br />a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.<br />A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.<br /><br />Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,<br />um ressentimento ali, uma revolta acolá.<br />Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.<br />Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.<br /><br />Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.<br />E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo<br />e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.<br /><br />A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.<br />Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se<br />da faca e da baioneta, para poupar o peito.<br />A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,<br />de tanto acostumar, se perde de si mesma.<br />__________________<br /><br />Há sempre algo de muito perturbador, cansaço imenso até, nesta questão do desenraizamento - conheço o das cidades e das casas - porque está sempre relacionado com uma anormalidade má.<br />Aquele poema tem que ver com a sensação de derrota que sente quem vive nessas circunstâncias, se não se deveria fazer mais.<br />Isabel Pireshttps://www.blogger.com/profile/17664747086789429857noreply@blogger.com