O pudor não é apenas um palavrão esquisito, é muito mais que isso.
Tanto pode lutar contra nós, para que tenhamos o comportamento de "meninos do coro", como ainda é capaz de nos "castrar", de nos fazer apagar estórias que queriam ser muito mais que ficções.Algumas vezes dou por mim a pensar, como seria eu se não tivesse sido educado segundo a "moral católica" e não chego a conclusão nenhuma.
Nem sequer sei se seria mais livre. Talvez fosse mais vazio. Ou talvez não, talvez partisse em busca do sentido das coisas, com mais cepticismo. Digo isto porque a ideia de Deus acaba sempre por explicar o que não tem explicação nenhuma, mesmo que seja pouco credível.
Por outro lado há quem não tenha qualquer religião e cultive o pudor.
Acho que fazemos muita confusão entre os valores éticos e os valores da "fé". Esquecemos-nos que a ideia do bem e do mal não é um exclusivo das religiões. Provavelmente a filosofia fez mais por ela que todos os "credos" que nos condicionam, directa e indirectamente.
O mais curioso neste texto, é que não era para escrever sobre o Pudor, mas sim sobre as Lendas que nos "vendem" aqui e ali. Sobre os "milagres" que resistem e que se agarram à história dos lugares, de uma forma incrível.
Sim, porque foi impossível "vender" ao meu filho de doze anos a estória da existência da marca da pata do cavalo de D. Fuas Roupinho, no Sitio da Nazaré...